MENSAGENS


MANSIDÃO - O CETICISMO DE UM POVO


Emprenham-se-nos os ouvidos, diuturnamente, com notícias de desrespeito ao erário envolvendo personagens de todos os setores da sociedade. Multiplicam-se também, às escâncaras, as ações que primam pela falta de ética entre nossos representantes, do mais próximo do cidadão – o vereador -, ao mais alto escalão da administração – o ápice da pirâmide administrativa. Desvio de verbas públicas, malversação dos parcos recursos, nepotismo, prevaricação, sonegação de impostos, contrabando, descaminho, “negociatas” de toda natureza, “maracutaias” etc. Essas palavras tornaram-se muito familiares no nosso vocabulário cotidiano. 
Referindo-me ao nosso rincão, a questão chegou a tal dimensão a ponto de termos a impressão de que todos aqueles que almejem chegar ao poder são iguais àqueles que lá se encontram ou lá estiveram, ou, ainda, neles se transformarão quando lá chegarem, o que tem provocado tamanha indiferença política em nossos munícipes, especialmente, na juventude. O ceticismo do nosso povo se dissemina com a mesma celeridade que as ações não éticas dos escolhidos para defender os interesses da comunidade que os escolheu. Nós, os eleitores, somos co-responsáveis uma vez que todos que lá estão ou estiveram foram por nós escolhidos.
Diante desse desencanto, tendemos a generalizar a situação e a nos convencermos de que ninguém merece nossa confiança, ao argumento de que todos, mais cedo ou mais tarde, acabam por se locupletarem. Esse sentimento, porém, deve ser repudiado de pronto de nossa consciência, antes que seja tarde. 
A história de certo ancião que, todas as manhãs, ia comprar jornal na banca da esquina de sua rua é um singelo exemplo muito significativo da nossa realidade em Mansidão: Numa dessas manhãs, acompanhado de seu netinho, saudou o jornaleiro com um amistoso “bom-dia” e, como era de costume, mais uma vez não foi correspondido. Por sua vez, o neto lhe perguntou: “vovô, por que o senhor sempre o trata com tanta cordialidade e carinho, sendo que não é correspondido?” A resposta foi rápida: “Não é porque ele é mal-educado que eu também o serei. Eu sou bem-educado e é isso que importa. Se eu deixar de tratá-lo com cordialidade estarei permitindo que ele determine o meu comportamento”.
Da mensagem de sabedoria acima, concluímos que não é porque algumas de nossas autoridades têm agido de maneira contrária aos princípios da ética, malversando os recursos públicos, corrompendo nossos valores etc., que deixaremos de cumprir com o nosso dever. Se o fruto dos nossos esforços terá o destino certo ou errado é outra história. Para isso, o melhor caminho em uma democracia é escolher com cuidado os representantes que vamos eleger. Com o argumento de que todos são iguais, às vezes deixamos de exercer o direito mais sagrado de uma democracia – direito de escolher os próprios mandatários pelo voto espontâneo – beneficiando, assim, os menos dignos. Em nosso meio existem pessoas dignas e capazes de nos representar, excluindo aquelas cuja indignidade já fora exaustivamente comprovada. 
Não é porque o outro age de forma equivocada que vamos assim também agir; não é porque alguns dos nossos representantes não agiram de forma ética e proba no comando do nosso município que devamos inferir que todos agirão da mesma forma. O círculo vicioso só pode ser quebrado com a virtude, para que se transforme em círculo virtuoso. Cada vez que agirmos de forma ética no particular, estaremos influenciando o geral. Se cada um de nós agir corretamente, isso refletirá no conjunto das ações de toda a comunidade. Pode ser que isso leve tempo, mas não podemos perder a esperança. Sobre a perda de esperança e suas conseqüências já tive a oportunidade de escrever em outro momento. Esse é o legado que devemos deixar para nossa prole como instrumento de transformação do nosso município.
A crise de confiança é um dos piores males a corroer a consciência política de um povo. Não podemos e não devemos sucumbir à sua força destrutiva. Se nos convencermos de que nada poderá ser feito, não teremos como consertar nosso município. 
Por fim, temos que escolher líderes com coragem e determinação para romper com certos valores arraigados na nossa consciência política para que retomemos o rumo do desenvolvimento. 
Eles existem e estão em nosso meio.


Brasília, 21/02/12.


Júlio José de Oliveira
     Advogado



MANSIDÃO - UM VAZIO DE ESPERANÇA


Mansidão, um pequeno município baiano, situado à margem esquerda do Rio Preto, incrustado no extremo oeste do Estado, entre os municípios de Santa Rita de Cássia e Buritirama, divisando ao norte com os municípios piauienses de Júlio Borges e Avelino Lopes, vive, desde sua emancipação política à espera de emancipação econômica/social/administrativa.

Desmembrado de Santa Rita de Cássia pela Lei 4.408, de 25 de fevereiro de 1985, vem, desde sua emancipação, enfrentando grandes dificuldades administrativas, econômicas e sociais, dada à carência de políticas públicas dirigidas ao bem-estar de seu povo, até mesmo em decorrência de descaso de todos os prefeitos que se sucederam até os dias atuais.

Nós, munícipes de Mansidão, temos experimentado repetidas decepções no cenário político desde a primeira municipalidade, a ponto de chegarmos ao caos em que nos encontramos atualmente.

No momento, a promissora juventude desse carente município, bem como o povo de uma forma geral, vive em total desesperança em decorrência da exaustão das forças políticas ali existentes ao não apresentarem nomes renovados em condições de vitória nas eleições municipais que se aproximam. Os nomes que se apresentam até o momento já estão experimentados e marcados pelo fracasso em suas administrações anteriores, ocasionando o vazio de esperança a que me referi no preâmbulo.

Desta forma, ou rompamos com esse círculo vicioso (tão pernicioso à atividade política e ao povo), por meio da apresentação de alternativa viável, ou corramos o risco de sermos administrados por pára-quedistas e aventureiros, a exemplo do que ocorreu recentemente com os nossos vizinhos, Barra e Santa Rita de Cássia -, com graves danos causados aos respectivos municípios.

A política contemporânea brasileira é pródiga em exemplos de desesperança, sentimento que leva o eleitor ao voto de protesto. Vimos, em datas não muito distante, serem eleitos pelo voto dos desesperançosos (voto de protesto)  analfabetos, índio semi-civilizado e até mesmo um macaco (Macaco Tião no Rio de Janeiro). É o retrato fiel da falta de esperança de um povo.

Portanto, exortamos todos os mansidãoenses de boa vontade a refletirmos sobre situação que se nos apresenta a política local e a rompermos esse círculo vicioso -, por ser tão pernicioso ao nosso povo.




Júlio José de Oliveira
advogado

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